ENSINAR LEITURA NA ESCOLA

Edilian Arrais*
 

    Certamente você já reconheceu a menininha da tirinha acima, isso mesmo é a Mafalda[1]. Desta vez Mafalda crítica os conteúdos aprendidos na escola. Mesmo que não domine a língua de Cervantes, você deve ter percebido que Mafalda se queixa por não entender nada do que apresenta o jornal que ela tem em mãos (qualquer semelhança com nossos alunos, NÃO é mera coincidência). 

    A pequenina faz uma crítica ao conteúdo ensinado na escola, uma vez que esse não dialoga com seu conhecimento de mundo ou com o seu cotidiano. Aliás, essa não é a realidade apenas da Mafalda. Há anos a escola tem assumido essa concepção de letramento  ensinar a leitura ficou reduzido ao aspecto linguístico, totalmente desassociado do contexto social do aluno. 

    Somada a essa concepção de letramento, ainda temos que lidar com um modelo de ensino anacrônico e autoritário (autoritarismo herdado dos anos de ditadura vividos pelo Brasil).

    Se pensarmos refletidamente, perceberemos que a escola ainda é o espaço de mera reprodução cultural, que funciona na maioria das vezes como aparelho ideológico do Estado e, em que frequentemente se nega o espaço para o aluno pensar ou expressar sua própria visão de mundo.

   Afinal que tipo de leitura temos ensinado na escola, seja em Língua Materna ou em Língua Estrangeira?  Será que não temos reforçado um modelo caduco de ensino-aprendizagem, no qual  o professor repete o que o governo "manda" e os alunos obedecem pacificamente o que é regido pela "cartilha"? 

   Urge a necessidade de trazermos para nossos alunos uma leitura contextualizada, que dialogue com seu cotidiano e com suas reais necessidades de ler o mundo e de interpretá-lo. Mais do que isso, como docentes, precisamos repensar nosso fazer pedagógico, o que implica em  abrir mão da posição de detentores exclusivos do saber, oferecendo ao nosso alunato a possibilidade de se colocarem como leitores de textos e leitores do mundo, autores das letras e autores de sua própria história de vida.  



[1] Caso você ainda não conheça Mafalda, fantástica criação do cartunista Quino, clique  aqui https://www.mafalda.net/index.php/pt/a-historia-2

Graduada em Letras Português/Espanhol (Centro-Universitário-Brasileiro). Pesquisadora no GELC (Grupo de Estudos Linguísticos e Culturais) do Uniitalo.