POR QUE, AFINAL, OS ALUNOS COMETEM PLÁGIO?

 

A escola tem adotado uma postura irresponsável frente ao ensino de leitura (discutiremos em outro momento sobre esse modelo de letramento). Esse modo de ensinar leitura na escola tem sido um verdadeiro fracasso, refletindo na ausência da construção de um sujeito que seja autor de seus textos e também autor de sua história de vida.  Recentemente deparei-me com um texto produzido por uma psicóloga[1] do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (PUC-SP) sobre a problemática dos trabalhos plagiados, chamou-me a atenção a concepção que a profissional tem sobre essa temática.

 

Muitos são os motivos, e creio que o principal deles é a preguiça. Para que digitar tudo, fazer um trabalho, se esse já foi feito por alguém, está prontinho, é só copiar e entregar? Essa discussão também nos remete ao sentido que os alunos dão às atividades acadêmicas. Ou seja, para muitos a entrega do trabalho é um trâmite apenas burocrático, que deve ser realizado da forma mais fácil e rápida possível para o aluno desincumbir-se e conseguir nota. Assim, muitos alunos não veem o trabalho como uma contribuição à sua formação ou aplicação da teoria, mas sim como uma burocracia da qual eles querem se livrar (grifo nosso).

 

Encarar o plágio como preguiça é ignorar o percurso que percorrem os estudantes. É necessário tirar o foco do trabalho plagiado, voltar aos anos de vida escolar dos alunos e, mais que isso, compreender o papel essencial da leitura no processo de autoria.

 

APRENDI que o ato de escrever é uma sequela do ato de ler. É preciso captar com os olhos as imagens das letras, guardá-las no reservatório que temos em temos em nossa mente e utilizá-las para compor depois as nossas próprias palavras (SYCLAR[2], 1995).

 

Quando escola percebe a leitura apenas um pretexto para trabalhar a gramática, abre uma lacuna para que se formem meros plagiadores, copistas e repetidores de discurso, uma vez que não oferece o suporte adequado para que se formem leitores e produtores de textos. A instituição-escola tem mantido seus alunos na posição reclusa de sujeitos enunciadores que devem repetir o discurso escolar, mas quase nunca na de autores, como nos aponta TFOUNI (2001).

 

Outro motivo que tem levado os discentes a trilharem o caminho do plágio é a ignorância a respeito do que de fato é o plágio. Muitos estudantes simplesmente não entendem o que é o plágio ou que estão fazendo algo errado. A presença do professor-orientador é essencial: tanto para exemplificar as várias maneiras em que os alunos podem incorrer em plágio, como para mostrar as consequências de um trabalho plagiado.

 

Atribuir aos alunos a culpa pela ausência do pensamento autônomo, tanto na escrita como na leitura é uma desculpa simplista e, uma maneira que a escola encontrou para não responsabilizar-se pelos anos (diga-se, muitos anos) de um fazer pedagógico mecanicista.

 

O desafio que temos diante de nós, parte em primeiro lugar de perceber as necessidades dos alunos e de estabelecermos com eles uma relação dialógica e compromissada com a construção do conhecimento.

 

Àqueles que estão iniciando a árdua tarefa de escrever o TCC, recomendo que leiam muito e de forma variada. Leiam os livros e os artigos científicos que se relacionem com seu trabalho. Mas também separem tempo para textos literários, muitas vezes a inspiração para escrever brota dos textos ricos em simbologia, mergulhados na sensibilidade e na beleza artística.

 

Para finalizarmos nossa conversa sobre plágio, uma dica valiosa: ouça seu orientador! Se ele disse que seu trabalho tem marcas de plágio, confie nele. É muito provável que você não tenha feito isso de maneira proposital (assim, espero). Volte ao seu texto e coloque as devidas citações, atribuindo à autoria a quem lhe é de direito. Nesse assunto vale o texto bíblico: "dai a César o que é de César"

 

Tem curiosidade para saber mais sobre o plágio?

Vale a pena conhecer este site: https://www.plagio.net.br/index-1.html

A página é o resultado de uma pesquisa documental realizada em 2009 sobre as abordagens de plágio nas melhores universidades no Brasil e no mundo. 

 

 


[1] Ivelise Fortin - psicóloga componente do NPPI. Disponível em https://www2.uol.com.br/vyaestelar/plagio_academico.htm

[2] SCILIAR, Moacyr. In: Blau – Jornal bimestral de literatura, Porto Alegre, n. 5, agosto de 1995.

Disponível em https://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1584-6.pdf Acesso 07 Nov 2013